Apesar de leve valorização, produtores seguem enfrentando custos elevados e margens apertadas. Estagnação estrutural da cadeia leiteira exige atenção urgente de políticas públicas e revisão de modelos de produção.
Conseleite RS Atualiza Preço de Referência para Abril
O Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite-RS) divulgou, nesta segunda-feira (29), a projeção do valor de referência do litro de leite para abril de 2025: R$ 2,5230. O reajuste representa leve alta em relação a março, quando o valor ficou em R$ 2,4827.
Segundo o presidente do Conseleite, Jorge Rodrigues, a recuperação do valor foi influenciada principalmente por uma pequena melhora no mercado de derivados, como leite UHT e queijo mussarela, além da redução momentânea da oferta devido ao impacto climático nas pastagens.
Setor Ainda Opera com Rentabilidade Comprometida
Embora o número pareça positivo, representantes da cadeia produtiva alertam que a valorização ainda é insuficiente para compensar os custos operacionais, que permanecem em níveis historicamente altos. Entre os principais vilões estão o preço do concentrado, a energia elétrica e a mão de obra especializada.
Portanto, mesmo com a leve recuperação do valor pago, muitos produtores seguem operando com margens negativas ou nulas, especialmente os de menor escala, que não conseguem diluir seus custos com a mesma eficiência das grandes bacias leiteiras.
Indústria em Alerta com Volatilidade do Mercado de Derivados
O mercado de derivados lácteos continua instável. Embora o leite UHT tenha registrado leve aumento de demanda nos supermercados, o setor de queijos enfrenta forte concorrência de importados, o que pressiona a margem das indústrias.
Consequentemente, as indústrias buscam repassar o mínimo possível ao produtor, tentando manter seus próprios níveis de rentabilidade num ambiente de consumo ainda retraído.
Cadeia do Leite em Estado Crônico de Fragilidade
O valor projetado pelo Conseleite para abril de 2025 confirma um diagnóstico recorrente: o setor leiteiro brasileiro precisa de uma reestruturação profunda. Sem políticas públicas que garantam previsibilidade, acesso a tecnologia e incentivo à profissionalização, a produção de leite tende a seguir sua trajetória de estagnação e evasão de produtores.
Mais do que oscilações mensais de preço, o leite brasileiro precisa de estabilidade, competitividade e valorização real da atividade rural.
Fontes: Conseleite-RS, Emater/RS, Sindilat, Canal Rural, MilkPoint