Cenario Rural

Milho em xeque: preços caem no Brasil apesar de exportações em disparada

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Oferta crescente, consumo retraído e cenário internacional moldam um maio de contrastes no mercado do grão

O mercado brasileiro de milho vive um maio de 2025 marcado por contrastes. Enquanto os embarques do cereal para o mercado externo disparam, com aumento expressivo no volume exportado, o cenário doméstico segue pressionado por baixa liquidez e retração nos preços. O comportamento reflete um desequilíbrio momentâneo entre oferta crescente, demanda contida e volatilidade nos mercados futuros.

Exportações aceleram e reforçam protagonismo global do Brasil

Segundo dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou em abril cerca de 8,29 mil toneladas de milho por dia útil — um salto de 176% em relação ao mesmo mês do ano passado. Esse desempenho mantém o país na liderança global das exportações do grão, à frente dos Estados Unidos e da Argentina.

O impulso vem da combinação de uma segunda safra generosa, acordos comerciais firmes com países como China, Irã e Egito, e competitividade cambial frente à valorização do dólar. Ainda assim, o preço médio da tonelada exportada caiu 23,8%, passando de US$ 359,90 (abril/2024) para US$ 274,30 (abril/2025), refletindo o excesso de oferta global e o arrefecimento de preços nas bolsas internacionais.

Mercado interno desaquecido e preços sob pressão

Apesar do bom ritmo nas exportações, o mercado interno segue apático. Consumidores, especialmente do setor de proteína animal, têm evitado grandes compras, operando com estoques mínimos à espera de maiores baixas nas cotações.

Produtores, por sua vez, aceleram a comercialização da safra para liberar espaço nos armazéns antes do pico da colheita da “safrinha”, o que tem contribuído para ampliar a pressão sobre os preços. Confira as cotações médias nas principais praças:

  • Cascavel (PR): R$ 68 a R$ 70/sc
  • Mogiana (SP): R$ 73 a R$ 74/sc
  • Campinas (CIF): R$ 77 a R$ 78/sc
  • Rondonópolis (MT): R$ 58 a R$ 64/sc

O dólar acima de R$ 5,00 tem ajudado a segurar perdas mais severas, mas analistas indicam que a pressão deve persistir nas próximas semanas.

Fatores climáticos e geopolíticos no radar

Com a colheita da segunda safra em fase inicial em estados como Mato Grosso do Sul e Paraná, o clima será determinante para consolidar os números. A transição climática entre El Niño e La Niña preocupa parte dos produtores, que temem efeitos sobre o enchimento de grãos em áreas mais sensíveis à irregularidade hídrica.

No cenário externo, a guerra comercial entre Estados Unidos e China adiciona incertezas, podendo alterar fluxos comerciais e pressionar ainda mais os preços internacionais, com reflexos diretos sobre o milho brasileiro.

Um mercado dividido entre otimismo externo e cautela interna

O milho brasileiro atravessa um momento de ambiguidade. De um lado, o país segue firme como potência exportadora. Do outro, enfrenta dificuldades para equilibrar preços e liquidez no mercado interno. O produtor, mais uma vez, precisará de estratégia, gestão e leitura atenta dos mercados futuros para proteger sua margem em um cenário de volatilidade crescente.

Fontes: Secex, Cepea, Conab, Safras & Mercado, CNA

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