Em 2025, o agronegócio brasileiro caminha por um terreno de incertezas e oportunidades. A combinação entre desafios internos — como a reforma tributária e os gargalos logísticos — e externos — como a volatilidade cambial e a instabilidade geopolítica — define o cenário atual. Apesar das pressões, o Brasil continua sendo uma potência agroexportadora, com protagonismo crescente no fornecimento global de alimentos, fibras e bioenergia.
Preços pressionados, mas com estabilidade relativa
As commodities agrícolas iniciaram o ano com preços mais baixos em relação aos picos de 2022 e 2023, reflexo de recomposição de estoques globais e de uma menor pressão logística em rotas marítimas. No entanto, a demanda segue firme, sobretudo por soja, milho, café e carnes. O açúcar se mantém em alta, impulsionado por fatores climáticos e maior uso para etanol.
O dólar acima de R$ 5,00 tem favorecido as exportações brasileiras, ainda que o aumento dos custos de produção — especialmente fertilizantes, combustíveis e defensivos — continue comprimindo margens dos produtores.
Reforma tributária: expectativa e cautela
A implementação da reforma tributária — com a criação do IVA dual e a extinção de impostos como PIS, Cofins e ICMS — ainda gera dúvidas no setor. Produtores e cooperativas temem aumento na carga efetiva e impactos no custo dos insumos. O governo prometeu regimes diferenciados para o agro, mas a regulamentação segue em debate no Congresso.
A insegurança jurídica em relação ao crédito do produtor rural e à continuidade de benefícios fiscais estaduais também afeta o planejamento de investimentos.
Exportações resilientes, mas mais competitivas
O Brasil manteve a liderança na exportação de soja, milho, café e carne bovina. No entanto, a concorrência com países como Estados Unidos, Argentina, Indonésia e Índia exige melhoria constante em logística, rastreabilidade e redução do custo Brasil.
A guerra comercial entre EUA e China, as novas regras de desmatamento da União Europeia e os acordos em negociação (como Mercosul-União Europeia e Brics+) podem redefinir as rotas comerciais do agro brasileiro.
Investimentos em tecnologia e bioeconomia ganham fôlego
Apesar dos desafios macroeconômicos, áreas como agricultura regenerativa, bioinsumos, digitalização e certificação ambiental continuam atraindo investimentos. Fundos de impacto, cooperativas e agroindústrias têm apostado na agregação de valor e diferenciação para se manterem competitivos.
Cautela com estratégia define o agro em 2025
O cenário econômico para o agronegócio em 2025 exige planejamento, resiliência e leitura estratégica. Combinando inovação, adaptação regulatória e aproveitamento de janelas comerciais, o Brasil mantém seu espaço como líder no setor agroalimentar global — mas precisa agir com inteligência para preservar a competitividade em um mundo cada vez mais complexo.
Fontes: MAPA, CNA, CEPEA, FGV Agro, CNI, OCDE, Bloomberg, Valor Econôm