Avanço dos bioinsumos e estímulo à produção nacional visam reduzir dependência externa e promover sustentabilidade no campo
O ano de 2025 marca um novo ciclo na agricultura brasileira, com foco na nacionalização da cadeia de insumos e no crescimento acelerado dos bioinsumos. Essa mudança estratégica responde tanto a desafios logísticos e cambiais quanto à demanda por práticas agrícolas mais sustentáveis e economicamente viáveis.
Desde 2022, o Brasil tem buscado reduzir sua dependência de fertilizantes e defensivos importados, agravada pelas disrupções logísticas da pandemia e pela guerra na Ucrânia. Em 2025, o Plano Nacional de Fertilizantes e o Programa Nacional de Bioinsumos avançam com apoio de políticas públicas, incentivos fiscais e parcerias com a iniciativa privada.
Produção nacional ganha escala
Segundo dados do MAPA, em 2025 o Brasil já produz internamente cerca de 35% dos fertilizantes utilizados no país, frente a 22% em 2021. A meta é alcançar 50% até 2030. Para isso, estão sendo inauguradas novas plantas de produção em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Sergipe.
O foco também está na produção de bioinsumos — produtos de origem biológica como biofertilizantes, biodefensivos, inoculantes e condicionadores de solo. Grandes cooperativas como Coplacana e Cocamar estão investindo em fábricas próprias, enquanto startups como Biotrop, Solubio, Nooa e AgBiTech expandem a produção com base em microrganismos nativos e soluções personalizadas por região e cultura.
Expansão da adoção no campo
A área tratada com bioinsumos no Brasil ultrapassou 18 milhões de hectares em 2024 e deve chegar a 25 milhões em 2025, segundo projeções da Croplife Brasil. A soja lidera o uso, mas há avanço importante em culturas como milho, algodão, cana e café.
Os produtores relatam ganhos de produtividade, redução no uso de químicos e melhoria na saúde do solo. Além disso, o uso de bioinsumos favorece a entrada em mercados premium e atende exigências de certificações ambientais e programas de rastreabilidade.
Marco legal e incentivos fortalecem setor
A Lei nº 14.785/2023, que instituiu o marco legal dos bioinsumos, trouxe segurança jurídica e diretrizes claras para registro, produção e comercialização. O RenivaBio (Programa de Incentivo à Biofábricas Regionais) oferece linhas de crédito com taxas diferenciadas e assistência técnica para pequenos e médios produtores interessados em utilizar ou fabricar bioinsumos.
A Embrapa e instituições como o SENAR e universidades federais têm liderado ações de capacitação, com cursos técnicos e extensão rural voltados à popularização do uso responsável e eficiente dos produtos biológicos.
Desafios e futuro promissor
Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta gargalos, como a necessidade de mais laboratórios certificados, padronização de qualidade e investimento em pesquisa de novas cepas e formulações. Outro ponto crítico é o transporte e armazenamento dos produtos biológicos, que exigem condições específicas de temperatura e tempo de uso.
No entanto, o crescimento exponencial da demanda e o compromisso governamental apontam para um cenário promissor. O bioinsumo deixa de ser um nicho e passa a compor o núcleo da estratégia nacional de produção agrícola.
Autonomia e sustentabilidade caminham juntas
O fortalecimento da produção nacional de insumos e a expansão dos bioinsumos representam não apenas uma resposta aos desafios globais, mas uma reinvenção estratégica da agricultura brasileira. Reduzir a dependência externa, gerar renda local, proteger o solo e garantir competitividade: essa é a nova fronteira do agro.
Fontes: MAPA, Croplife Brasil, Embrapa, Solubio, Biotrop, Lei 14.785/23, RenivaBio