Cenario Rural

Brasil embarca volumes históricos, mas preços do robusta cedem com maior oferta doméstica

cafe

O mercado cafeeiro brasileiro vive um momento de contrastes neste final de maio. Por um lado, as exportações da safra 2024/25 atingem volumes recordes, impulsionadas por uma colheita robusta e boa qualidade dos grãos. Por outro, o mercado interno — especialmente o café robusta — passa por um momento de retração nos preços, puxado pela maior oferta e pela postura mais cautelosa dos compradores.

Exportações aceleradas e dólar favorável

Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o país exportou mais de 3,4 milhões de sacas de 60 kg em abril, crescimento de 29% na comparação anual. A maior parte do volume corresponde ao arábica, beneficiado por boa qualidade e apelo comercial junto a torrefadoras na Europa e nos Estados Unidos.

A cotação do dólar acima de R$ 5,00 contribuiu para manter o café brasileiro competitivo no exterior. Além disso, o arábica de montanha da safra atual tem sido bem avaliado em testes sensoriais, com preços firmes em leilões internacionais.

Mercado interno: robusta sente o peso da oferta

Enquanto as exportações ganham fôlego, o café robusta (conilon) enfrenta quedas de preços no mercado doméstico. De acordo com o Cepea, a saca do robusta tipo 6, peneira 13 acima, caiu de R$ 663 para R$ 644 entre o início e a terceira semana de maio. O recuo é atribuído à intensificação da colheita no Espírito Santo e em Rondônia, com maior entrada de grãos nas cooperativas e armazéns.

Com o aumento da oferta, compradores do setor industrial estão aproveitando para negociar com mais pressão sobre os valores. O consumo interno permanece estável, mas sem força suficiente para absorver o aumento de disponibilidade sem ajustes de preços.

Perspectivas mistas para o segundo semestre

A tendência para o segundo semestre dependerá da intensidade da colheita do robusta e do ritmo das exportações de arábica. Se o dólar se mantiver em alta e a demanda internacional continuar aquecida, o mercado poderá sustentar bons patamares de preços para o arábica. Já o robusta pode continuar pressionado caso não haja redução na oferta ou estímulo ao consumo.

Colheita recorde sustenta otimismo nas exportações, mas pressiona o mercado interno

A safra 24/25 confirma o Brasil como líder global no fornecimento de café, com desempenho recorde nas exportações. Porém, no mercado doméstico, especialmente no segmento do robusta, o excesso de oferta exige cautela por parte dos produtores e atenção à dinâmica de consumo e estocagem.

Fontes: Cecafé, Cepea, Emater-ES, Conab, Reuters, Bloomberg

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *