Nova liderança canadense busca redefinir agenda bilateral com Trump, mirando comércio, imigração e defesa continental. Clima de cautela e pragmatismo marca o reinício das tratativas.
Novo Governo, Novos Desafios Diplomáticos
Após a confirmação da vitória liberal nas eleições federais, o novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, iniciou formalmente conversas com a administração dos Estados Unidos liderada por Donald Trump. As tratativas, segundo fontes dos dois governos, visam atualizar e reforçar os termos da relação bilateral, focando em comércio, segurança, migração e transição energética.
Essa movimentação ocorre em meio a um cenário geopolítico delicado, no qual os dois países compartilham uma das maiores fronteiras terrestres do mundo, mas também têm divergido em temas como política climática, subsídios industriais e imigração irregular.
NAFTA e Cadeias de Suprimento Estão no Centro da Mesa
A principal pauta das conversas é a possível reavaliação do novo NAFTA (acordo conhecido como USMCA), cuja implementação passou a ser contestada por setores industriais norte-americanos — especialmente os ligados à produção de aço, automóveis e insumos tecnológicos.
Trump tem defendido cláusulas mais rígidas sobre origem de peças e produção local, o que pode afetar montadoras e fornecedores canadenses. Por outro lado, Carney tenta preservar os fluxos comerciais sem agravar as tensões protecionistas do vizinho do sul.
Segurança Fronteiriça e Cooperação Militar Também em Debate
Além do comércio, as discussões bilaterais incluem temas sensíveis como a segurança fronteiriça. Trump quer ampliar medidas de contenção migratória na divisa norte, alegando aumento no fluxo de migrantes que usam o Canadá como ponto de acesso secundário aos EUA.
Consequentemente, Carney busca um equilíbrio entre a manutenção de direitos humanitários e o reforço logístico e tecnológico da fronteira. Já em relação à defesa continental, o Canadá manifestou intenção de manter seu papel ativo na OTAN, ao passo que os EUA pressionam por maiores investimentos e compromissos estratégicos.
Ambiente de Cautela, Mas Também de Oportunidades
Apesar das diferenças, analistas avaliam que o momento é propício para redefinir regras do jogo com mais pragmatismo. O novo governo canadense tem apoio popular e diplomático para reposicionar o país como parceiro estratégico confiável. Trump, por sua vez, busca retomar protagonismo internacional sem perder o foco em ganhos políticos internos.
Portanto, embora existam tensões, há espaço real para acordos comerciais renovados, avanços em projetos energéticos binacionais (como gasodutos e infraestrutura limpa) e uma agenda de cooperação mais tecnológica e menos ideológica.
Diplomacia Inteligente Será Fundamental para o Futuro da América do Norte
O diálogo entre Canadá e EUA marcará o tom da política continental nos próximos anos. Acima de tudo, será um teste de maturidade política em meio à crescente polarização global.
Se bem conduzidas, as negociações podem não apenas fortalecer as economias de ambos os países, mas também sinalizar que, mesmo em tempos de divergência, a diplomacia ainda é uma ferramenta de construção e não apenas de contenção.
Fontes: El País, CBC News, The Washington Post, Global Affairs Canada, USTR