Comunicado oficial interrompe expectativa global de distensão e aumenta tensão na guerra econômica. Retórica endurecida expõe divisão geopolítica e empurra mercados para novo ciclo de incertezas.
Pequim Desmente Diálogo Tarifário e Reforça Narrativa de Autodefesa Econômica
Na manhã de 25 de abril (horário local), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, declarou em coletiva oficial que “não há negociações em curso com os Estados Unidos sobre as tarifas”, refutando notícias de bastidores divulgadas por veículos ocidentais que indicavam possível trégua comercial entre os dois países.
“Esses rumores servem apenas para confundir o mercado e mascarar a verdadeira natureza das políticas unilaterais dos EUA”, afirmou Wenbin. O governo chinês voltou a exigir o fim imediato das tarifas impostas por Washington, classificando-as como “medidas coercitivas e contrárias aos princípios da OMC”.
Retórica Rígida e Clima de Confronto Reacendem Alerta Global
A fala da diplomacia chinesa tem duplo impacto: desmonta a expectativa de reaproximação construída por fontes ligadas ao Departamento de Estado dos EUA nos últimos dias e aumenta o risco de deterioração acelerada do ambiente comercial internacional.
Após semanas de rumores sobre possíveis “canais silenciosos” de reconciliação, a resposta direta de Pequim reforça o cenário de um confronto prolongado entre as duas maiores economias do mundo, com efeitos colaterais sobre preços, cadeias de suprimento e investimentos globais.
Tarifas em Alta e Disputa Estrutural por Hegemonia Econômica
Desde o início de abril, os EUA elevaram tarifas sobre produtos chineses de forma agressiva, atingindo setores como semicondutores, baterias, veículos elétricos, aço e tecnologia verde. Em resposta, a China impôs sobretaxas a carnes, aviões, produtos químicos e algodão norte-americanos.
O pacote tarifário dos EUA já ultrapassa os 245%, e o governo de Xi Jinping deixou claro que não aceitará negociar sob pressão. “A chantagem tarifária não funcionará com a China”, afirmou Wang, encerrando qualquer possibilidade de trégua imediata.
Mercados Reagem com Volatilidade e Cautela
O pronunciamento provocou queda imediata nos mercados asiáticos, com o índice de Xangai recuando 1,9% e o Nikkei japonês fechando em queda de 2,3%. O dólar voltou a se valorizar frente às moedas emergentes, enquanto commodities agrícolas e metais industriais tiveram forte oscilação.
Empresas multinacionais que operam entre os dois países voltaram a rever planos de expansão, e o setor de tecnologia pode ser o mais afetado, com riscos de novos embargos e sanções cruzadas nos próximos meses.
Guerra Tarifária Entra em Fase Crítica com Impacto Global
O tom duro adotado pela China rompe o otimismo frágil que se formava sobre uma possível acomodação entre Pequim e Washington. A ausência de diálogo e o aumento de barreiras comerciais consolidam o início de uma nova fase da guerra econômica — mais ideológica, mais fragmentada e mais difícil de reverter.
Para os países emergentes como o Brasil, o recado é claro: o comércio internacional não voltará à neutralidade. O momento exige diplomacia estratégica, diversificação de mercados e construção de acordos bilaterais robustos que reduzam a exposição a esse conflito de gigantes.
Fontes: Ministério das Relações Exteriores da China, SCMP, Reuters, Bloomberg, Valor Econômico, Financial Times