Produção robusta e clima favorável influenciam cotações; arábica cai mais de 6% e robusta segue em alta
O mercado de café brasileiro atravessa um momento de ajuste em maio de 2025, marcado por oscilações expressivas nas cotações, início da colheita da safra 2025/26 e mudanças nas expectativas em relação à oferta global. A saca de 60 kg do café arábica, que vinha sendo negociada acima de R$ 2.800 no início do ano, caiu para R$ 2.621,78, acumulando uma desvalorização de mais de 6% no mês, segundo dados do Cepea.
Colheita pressiona o arábica
O início da colheita no cinturão produtor de Minas Gerais e São Paulo vem influenciando diretamente a dinâmica do mercado. A entrada dos primeiros lotes da nova safra aumenta a oferta disponível, pressionando os preços no curto prazo.
Além disso, a bienalidade baixa característica deste ciclo está sendo parcialmente compensada por boas condições climáticas durante o período de enchimento dos grãos, o que elevou o potencial produtivo em várias regiões.
Robusta resiste e segue valorizado
Enquanto o arábica enfrenta recuo, o café robusta segue firme. A menor produção do Vietnã e a demanda crescente da indústria solúvel têm sustentado os preços no Espírito Santo e em Rondônia, principais estados produtores da variedade.
A busca por grãos mais baratos e o crescimento do consumo interno de blends com maior teor de robusta ajudaram a manter a firmeza da variedade, que tem sido negociada acima de R$ 650 por saca.
Mercado externo também pesa nas cotações
No mercado internacional, o preço do café na bolsa de Nova York também sofreu queda nas últimas semanas. A valorização do dólar frente ao real mantém a competitividade do produto brasileiro, mas a perspectiva de boa safra e o aumento da disponibilidade global derrubaram os contratos futuros.
Exportadores estão mais cautelosos nas negociações, aguardando melhor definição sobre a qualidade da nova safra brasileira e sobre os impactos logísticos em importantes países importadores.
Previsões para o restante do ano
A tendência de curto prazo é de manutenção da pressão nos preços do arábica, ao menos até que a colheita avance e se tenha um panorama mais claro da qualidade dos grãos. Já o robusta deve seguir com boa demanda, especialmente no mercado interno e para exportação industrial.
Analistas apontam que o arábica pode continuar recuando até o fim do primeiro semestre, com recuperação moderada no segundo semestre, caso o consumo global cresça e a qualidade da safra brasileira se confirme como elevada.
Produtores atentos e mercado em transição
O cenário atual exige estratégia e atenção do cafeicultor. A comercialização antecipada, o armazenamento seguro e o monitoramento do mercado internacional são fundamentais para proteger margens em um ano de transição. A qualidade dos lotes poderá definir a recuperação de preços no segundo semestre.
Fontes: Cepea, MAPA, Emater, Bloomberg, Globo Rural, CNA