Práticas sustentáveis abrem portas para certificações, novas fontes de receita e protagonismo climático no campo
A sustentabilidade deixou de ser um discurso abstrato e passou a ser um vetor concreto de transformação no agronegócio brasileiro. Em 2025, o avanço da agricultura regenerativa e a consolidação do mercado de carbono no Brasil colocam os produtores rurais diante de uma nova fronteira de oportunidades: produzir mais, com menos impacto e ainda receber por isso.
O que é agricultura regenerativa?
Mais do que preservar, a agricultura regenerativa busca restaurar a saúde do solo, a biodiversidade e o equilíbrio ecológico das propriedades rurais. Trata-se de um conjunto de práticas como:
- plantio direto com cobertura permanente do solo;
- uso de bioinsumos e adubação verde;
- integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF);
- rotação e consorciação de culturas;
- manejo agroecológico da água e da fertilidade.
Essas técnicas têm ganhado espaço entre pequenos, médios e grandes produtores por contribuírem para o aumento da produtividade a médio prazo, a resiliência climática e a redução da dependência de insumos sintéticos.
Certificações ambientais e acesso a mercados diferenciados
Propriedades que adotam práticas regenerativas têm buscado certificações como o selo Orgânico Brasil, o Selo Verde, o RegenAGri e protocolos privados como o Regenagro. Essas certificações garantem rastreabilidade, agregam valor aos produtos e facilitam o acesso a mercados como Europa, Japão e Estados Unidos — onde consumidores e investidores cobram cada vez mais sustentabilidade e transparência.
Além disso, redes varejistas e cooperativas nacionais passaram a exigir critérios ambientais mínimos para compra de grãos, carne e leite, estimulando a adoção dessas práticas.
Mercado de carbono: o agro como solução climática
A captura e o sequestro de carbono no solo e na vegetação por meio de práticas regenerativas têm permitido que produtores brasileiros ingressem no mercado voluntário de carbono. Programas como o Carbono + Verde e parcerias com plataformas como MOSS e Biofílica remuneram o agricultor por créditos gerados com base em métricas técnicas verificadas.
Em 2024, o setor agropecuário foi responsável por cerca de 18% dos créditos gerados no Brasil — um número que deve crescer com o novo marco legal do mercado regulado de carbono, atualmente em tramitação no Congresso Nacional.
Ainda há obstáculos: a mensuração de carbono no solo requer equipamentos e auditorias especializadas; o acesso a certificações pode ser caro e burocrático; e muitos produtores ainda carecem de assistência técnica para adoção segura das práticas regenerativas.
Entretanto, políticas públicas como o RenovAgro (linha de crédito verde do BNDES), programas estaduais de PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) e plataformas digitais vêm tornando o processo mais acessível e escalável.
Agro regenerativo é agro do futuro
Em um Brasil que busca protagonismo climático e competitividade global, a agricultura regenerativa e o mercado de carbono representam mais do que tendências: são pilares de uma nova economia rural, onde quem cuida da terra colhe produtividade, reputação e renda. O produtor que regenerar hoje, lucra amanhã.
Fontes: MAPA, Embrapa, BNDES, MOSS, Biofílica, Projeto Rural Sustentável, FAO