Expectativas de safra cheia e câmbio volátil influenciam decisões de comercialização e estratégias no campo
O mês de maio de 2025 apresenta tendências distintas para os dois principais grãos da agricultura brasileira: milho e soja. Enquanto o milho se mantém firme com suporte na demanda doméstica e projeções de produção ajustadas, a soja passa por leve pressão nos preços, reflexo da colheita recorde e da oscilação no mercado internacional.
Milho mantém preços firmes com suporte da demanda e da entressafra
O milho apresenta cotações estáveis em patamares considerados satisfatórios para os produtores. Em Paranaguá, o preço médio da saca de 60 kg gira em torno de R$ 75,93, com variações regionais. A firmeza é explicada pela demanda aquecida das indústrias de ração e etanol, além da entressafra em algumas regiões que limita a oferta no curto prazo.
Segundo a Conab, a expectativa é de crescimento da produção, mas o ritmo de comercialização segue lento, com os produtores aguardando melhores preços. A valorização do dólar também contribui para sustentar as exportações, especialmente para mercados da Ásia e América Central.
Safra cheia pressiona preços da soja no curto prazo
Para a soja, o cenário é de leve pressão. A saca de 60 kg vem sendo negociada a R$ 132,52 em Paranaguá, refletindo a colheita volumosa no Brasil, que consolida a estimativa de produção recorde para a safra 2024/25. Além disso, a maior oferta nos Estados Unidos e a ausência de grandes movimentos de compra da China contribuíram para a formação de preços mais baixos nas últimas semanas.
O mercado interno ainda é afetado por gargalos logísticos e pela cautela nas negociações, em meio à volatilidade cambial e à expectativa de queda nos custos de transporte com a normalização da safra.
Exportações e demanda internacional
No caso do milho, as exportações seguem em ritmo satisfatório e devem ganhar fôlego com o avanço da segunda safra. A China, que se consolidou como principal cliente em 2024, continua comprando volumes expressivos. Para a soja, o fluxo externo perdeu força, mas pode ser retomado no segundo semestre, especialmente se houver menor oferta em concorrentes como Argentina e EUA.
Tendências para o segundo semestre de 2025
As projeções para o milho são de manutenção da firmeza, com picos de preço no período de entressafra e maior liquidez no segundo semestre. Já para a soja, o comportamento do câmbio e a demanda global serão decisivos para uma possível recuperação das cotações a partir de julho.
Gestão estratégica será essencial para rentabilidade em ano de contrastes
O produtor rural enfrenta um cenário complexo em maio. Enquanto o milho oferece oportunidade de comercialização com preços sustentados, a soja exige cautela, análise de custos e possível retenção de estoques. Com o câmbio volátil e os fundamentos globais em transformação, a estratégia no campo fará a diferença para preservar margens e planejar a próxima safra.
Fontes: Cepea, Conab, MAPA, Agrolink, Canal Rural, Notícias Agrícolas