Cenario Rural

Importações de soja brasileira pela China caem 22,2% em abril e acendem alerta no setor

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Volume recua para 4,6 milhões de toneladas; demanda chinesa mais seletiva e concorrência dos EUA pressionam o mercado

As importações de soja brasileira pela China registraram queda expressiva em abril de 2025. Segundo dados oficiais da Administração Geral de Alfândegas chinesa, o país asiático importou 4,6 milhões de toneladas da oleaginosa do Brasil no mês, uma redução de 22,2% em comparação ao mesmo período de 2024, quando as compras totalizaram 5,9 milhões de toneladas.

Demanda mais seletiva e estoques elevados pesam

A retração está ligada a uma combinação de fatores. De um lado, os estoques internos chineses de farelo e óleo de soja seguem elevados, reflexo de compras robustas no início do ano. De outro, o governo chinês tem adotado postura mais seletiva nas compras, priorizando contratos com prazos e preços mais vantajosos, diante da instabilidade do mercado internacional.

Além disso, o consumo interno de ração animal vem crescendo em ritmo mais lento do que o esperado, sobretudo na suinocultura, afetada por margens apertadas e ajustes no plantel.

EUA avançam com soja mais competitiva

Outro fator importante é a maior competitividade da soja americana, que tem se beneficiado de fretes mais baratos e de uma colheita com boa qualidade. Traders internacionais relatam aumento das compras chinesas junto aos Estados Unidos e à Argentina, reduzindo temporariamente a fatia brasileira no mercado.

Impactos no Brasil e nas cotações

No Brasil, a queda nas importações da China gerou reação imediata no mercado físico, especialmente em portos como Paranaguá e Santos. A saca de 60 kg foi negociada em torno de R$ 112 a R$ 115, com produtores segurando vendas à espera de retomada na demanda externa.

Na B3, os contratos futuros da soja também registraram leve queda, refletindo o cenário de curto prazo menos aquecido. Ainda assim, analistas mantêm expectativa de recuperação no segundo semestre, com a China devendo retomar compras em maior volume para recompor estoques no período de entressafra global.

Alerta para exportadores, cautela para produtores

A queda de 22,2% nas importações da China reforça a necessidade de diversificação de mercados por parte dos exportadores brasileiros e de estratégias mais refinadas de comercialização pelos produtores. Com a China ditando o ritmo global da soja, o Brasil segue atento aos sinais do maior comprador do mundo para não perder competitividade.

Fontes: Administração Geral de Alfândegas da China, Reuters, Cepea, MAPA, Bloomberg

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