A logística reversa, antes vista como obrigação ambiental, vem se consolidando como ferramenta estratégica no agronegócio brasileiro. Em 2025, a prática de recolher embalagens, insumos e resíduos agrícolas para reaproveitamento ou descarte correto está sendo adotada por grandes produtores, cooperativas e agroindústrias com objetivos que vão além da conformidade legal — reduzir custos, gerar valor e fortalecer a imagem sustentável do agro.
O que é logística reversa no campo?
A logística reversa no agro envolve o retorno de embalagens de agrotóxicos, fertilizantes, sementes, ração, plásticos, óleos lubrificantes e até máquinas obsoletas ao seu ponto de origem ou centros de coleta homologados. O sistema permite o reaproveitamento de materiais recicláveis, a destinação correta de itens perigosos e a criação de cadeias de fornecimento mais circulares.
Segundo o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), o Brasil recolheu mais de 50 mil toneladas de embalagens de defensivos em 2024 — 94% do total comercializado.
Benefícios além do meio ambiente
Além de evitar contaminação do solo e da água, a logística reversa reduz o volume de resíduos nas propriedades, melhora a organização do espaço e evita penalidades ambientais. Cooperativas que aderem ao sistema têm acesso a linhas de crédito sustentáveis e certificações ambientais, que valorizam seus produtos.
Do ponto de vista econômico, a redução de custos com descarte, a geração de créditos de carbono e o reaproveitamento de embalagens recicláveis fortalecem a viabilidade da prática.
Como implementar a logística reversa no agro
Para que a logística reversa seja eficaz, é necessário:
- Treinar equipes sobre o manuseio e armazenamento temporário dos resíduos;
- Instalar pontos de coleta nas fazendas ou centros regionais;
- Firmar parcerias com empresas homologadas e cooperativas de reciclagem;
- Registrar e monitorar o fluxo dos materiais devolvidos.
A tecnologia também tem papel fundamental. Aplicativos, etiquetas RFID e sistemas de rastreabilidade permitem o controle da origem, destino e reaproveitamento dos materiais, garantindo conformidade e eficiência.
Do descarte à oportunidade
A logística reversa no agronegócio é um caminho sem volta. À medida que o setor busca reduzir seu impacto ambiental e ganhar competitividade, transformar resíduos em valor deixa de ser apenas um diferencial e passa a ser parte essencial de uma nova mentalidade produtiva. A economia circular chegou ao campo para ficar.
Fontes: inpEV, MAPA, CNI, Embrapa Meio Ambiente, Instituto Ethos