Cenario Rural

Lucro na sombra: sistema boi-teca rende até R$ 4,70 por real investido e vira modelo de sucesso no agro

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Modelo de integração lavoura-pecuária-floresta em Mato Grosso mostra alta rentabilidade com uso consorciado de pastagem e madeira

Um novo sistema produtivo vem chamando atenção de pesquisadores, investidores e produtores rurais em 2025: o consórcio entre pecuária de corte e plantio de teca (Tectona grandis). O modelo, desenvolvido e testado em larga escala no estado de Mato Grosso, tem apresentado resultados promissores tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.

Segundo estudos conduzidos pela Embrapa Agrossilvipastoril em parceria com universidades e empresas florestais, o sistema integrado boi-teca gera um retorno de R$ 4,70 para cada real investido. Os resultados foram obtidos com base em ciclos produtivos de 20 anos, que englobam pelo menos três rotações de pecuária e o corte da madeira ao final do ciclo.

Como funciona o modelo?

O sistema consiste em formar piquetes de pastagem com espaçamento adequado entre linhas de teca, normalmente entre 8 a 12 metros, permitindo o pastejo de bovinos durante o crescimento das árvores. A pastagem ocupa o sub-bosque e contribui para o controle de plantas daninhas, ao mesmo tempo em que o sombreamento moderado da teca melhora o microclima do solo, favorecendo a ciclagem de nutrientes.

Durante os primeiros 7 a 10 anos, a atividade principal é a pecuária, com alta taxa de lotação e bom desempenho dos animais. A partir do décimo ano, as árvores atingem porte e densidade que reduzem a luz no sub-bosque, exigindo a retirada gradual do gado. Nos últimos anos do ciclo, a receita vem majoritariamente da venda da madeira nobre, muito valorizada nos mercados asiático e europeu.

Resultados econômicos impressionam

De acordo com os dados da Embrapa, o sistema permite uma receita líquida final superior a R$ 120 mil por hectare ao final do ciclo de 20 anos, considerando os ganhos com a pecuária e a venda da madeira serrada de teca. O retorno anual médio é de 14% ao ano, superando muitas aplicações financeiras tradicionais.

Além disso, o modelo apresenta vantagens em termos de diversificação de receita, resiliência climática, conservação do solo e sequestro de carbono — aspectos valorizados no mercado de créditos ambientais e por certificadoras internacionais.

Sustentabilidade e rastreabilidade no radar

A madeira de teca é uma das mais valorizadas no mundo, especialmente para mobiliário e decks náuticos. O cultivo consorciado com pastagens atende exigências de sustentabilidade, já que evita o desmatamento de áreas nativas e promove uso eficiente do solo. Empresas que operam nesse modelo já estudam a rastreabilidade via blockchain para aumentar a confiança dos mercados compradores.

Integração produtiva como novo paradigma do agro brasileiro

O modelo boi-teca representa uma inovação concreta na agropecuária tropical, conciliando lucratividade e conservação ambiental. Sua escalabilidade depende de planejamento técnico, investimentos de médio prazo e acesso a mercados premium para madeira e carne. Com o apoio de políticas públicas e crédito direcionado, pode se tornar referência na agricultura regenerativa e no agronegócio de baixo carbono no Brasil.

Fontes: Embrapa Agrossilvipastoril, ABT (Associação Brasileira da Teca), Senar-MT, CNA

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