Expectativa de maior moagem e exportações crescentes contrastam com o ritmo lento nas negociações de abril e maio
O mercado brasileiro de açúcar começou o ciclo 2025/26 sob um cenário de liquidez reduzida e movimentações cautelosas. Embora os fundamentos de mercado apontem para um ano de boa produtividade na cana-de-açúcar e perspectivas favoráveis de exportação, as primeiras semanas de abril e maio foram marcadas por negociações tímidas e estabilidade nos preços.
Cotações estabilizadas no spot paulista
No mercado físico de São Paulo, o açúcar cristal Icumsa 130-180 foi negociado, em média, a R$ 142,35 por saca de 50 kg em abril. O valor se manteve praticamente inalterado nas primeiras duas semanas de maio, refletindo uma postura mais cautelosa por parte dos compradores e tradings.
As usinas priorizaram contratos de exportação firmados no início do ano, e parte da indústria alimentícia nacional optou por operar com estoques próprios ou volumes reduzidos, aguardando maior clareza quanto à formação dos preços.
Início da moagem e maior produtividade prevista
A moagem da safra 2025/26 foi iniciada com bom desempenho em estados como São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Segundo a Unica, espera-se uma produção superior à da temporada passada, especialmente devido às boas condições climáticas durante o desenvolvimento da cana e à expansão da área colhida.
Esse cenário deve contribuir para uma maior oferta interna de açúcar, o que pode gerar pressão sobre os preços no segundo semestre, caso a demanda doméstica não acompanhe esse crescimento.
Exportações devem ganhar fôlego no segundo trimestre
No front externo, a expectativa é de crescimento nas exportações, puxadas pela demanda da Ásia e África. O dólar acima de R$ 5,00 favorece a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional, e o contexto de menor produção na Índia e incertezas na Tailândia também elevam o apetite por açúcar nacional.
Fatores climáticos e combustíveis como variáveis-chave
Dois fatores permanecem no radar do setor: o comportamento climático e a política de preços dos combustíveis. Eventos climáticos extremos poderiam alterar o rendimento da cana no meio da safra, enquanto a relação entre os preços do etanol e da gasolina influencia a escolha das usinas entre produzir mais etanol ou açúcar.
Prudência domina início da safra, mas fundamentos apontam para firmeza no médio prazo
Apesar do início morno em termos de liquidez, o mercado do açúcar carrega fundamentos promissores. A combinação entre produtividade elevada, câmbio favorável e demanda externa aquecida tende a sustentar os preços ao longo de 2025, desde que não haja surpresas negativas no clima ou mudanças bruscas na política energética.
Fontes: Cepea, UDOP, Unica, MAPA, Conab