O agronegócio brasileiro está inserido em um cenário internacional de transformações rápidas. O aumento da demanda por alimentos sustentáveis, a guerra comercial entre potências, os novos padrões regulatórios e o avanço da agenda climática moldam um mercado global cada vez mais competitivo. Neste contexto, o Brasil encontra desafios e oportunidades para consolidar sua posição como potência agroexportadora.
Demanda crescente e novos consumidores
Estudos da FAO e da OCDE apontam que a demanda mundial por grãos, carnes, frutas e produtos com origem rastreada continuará em alta, impulsionada pelo crescimento populacional, urbanização e preferência por alimentos sustentáveis. Países asiáticos, africanos e o bloco árabe emergem como mercados estratégicos para a diversificação das exportações brasileiras.
Acordos comerciais e entraves regulatórios
O Brasil avança em novos acordos de cooperação com Indonésia, Vietnã e países do Golfo. No entanto, enfrenta barreiras técnicas da União Europeia, que condiciona a entrada de produtos à comprovação de práticas sustentáveis — incluindo rastreabilidade, respeito ao Código Florestal e emissão de carbono.
Além disso, o fortalecimento do mercado de carbono internacional cria tanto pressões quanto incentivos: produtores que adotam práticas regenerativas e investem em certificações tendem a ser beneficiados.
Logística e infraestrutura como gargalos
Apesar da vocação produtiva, o país ainda esbarra em dificuldades logísticas. Portos congestionados, malha ferroviária limitada e dependência do modal rodoviário afetam a competitividade brasileira frente a concorrentes como Estados Unidos e Austrália. Investimentos em corredores logísticos e armazenagem são cruciais para reduzir custos e garantir previsibilidade nas exportações.
Brasil como protagonista verde?
Com a crescente pressão ambiental, o agronegócio brasileiro tem a chance de se posicionar como líder global em produção de baixo carbono. O Plano ABC+, os investimentos em bioinsumos, agricultura regenerativa e rastreabilidade digital são ativos estratégicos nesse reposicionamento.
O Brasil encara o desafio de alinhar produtividade, sustentabilidade e diplomacia comercial para se manter competitivo no mercado global. As oportunidades estão na diversificação de destinos, agregação de valor e liderança climática — desde que o setor supere entraves internos e invista em inovação.
Fontes: MAPA, FAO, OCDE, CNA, ComexStat, IPEA