O mercado do boi gordo vem apresentando sinais consistentes de recuperação em maio. Após semanas de forte oscilação, as cotações começaram a reagir diante de uma oferta cada vez mais restrita e uma demanda firme, tanto no mercado interno quanto nas exportações. Na B3, o contrato futuro de maio fechou cotado a R$ 304,75 por arroba, e analistas já falam em potencial valorização superior a 15% até o final do ano.
Oferta enxuta pressiona os frigoríficos
A redução do volume de animais prontos para abate vem sendo relatada em diversas praças pecuárias. Em regiões como Mato Grosso, Goiás e interior de São Paulo, a arroba já chegou a ser negociada acima de R$ 310 no mercado físico, puxada pela dificuldade dos frigoríficos em manter escalas completas.
A entressafra e o clima seco, que reduziu a qualidade das pastagens, atrasaram o ganho de peso dos lotes a pasto, tornando mais lenta a saída de animais terminados. Com isso, a pressão de compra foi transferida do pecuarista para a indústria, que precisou revisar para cima suas ofertas.
Exportações seguem aquecidas
O apetite externo pelo boi brasileiro segue forte, especialmente por parte da China, Egito e Emirados Árabes. Em abril, o volume diário exportado cresceu 8,2% em relação a março, e o preço médio por tonelada embarcada subiu para US$ 4.980.
O dólar acima de R$ 5,00 mantém a competitividade do produto brasileiro, o que tem ajudado a sustentar os preços mesmo diante da instabilidade econômica interna.
Oscilações no mercado futuro e previsões
A volatilidade ainda marca presença na B3, com variações diárias de até R$ 5 por arroba, reflexo da insegurança sobre o ritmo de oferta e do comportamento dos custos de reposição. Mesmo assim, especialistas da Scot Consultoria e da Safras & Mercado projetam um viés de alta para o segundo semestre.
As estimativas mais conservadoras apontam para uma arroba entre R$ 320 e R$ 350 até setembro, podendo chegar a R$ 400 em dezembro caso se confirmem as restrições de oferta e o ritmo de exportação se mantenha.
Um mercado reequilibrando forças
Com o produtor mais cauteloso no descarte e a indústria buscando alternativas para manter o ritmo de abate, o boi gordo vive um momento de recomposição de preços. A tendência é de firmeza no curto e médio prazo, com potencial de valorização sustentada por fundamentos consistentes.
Fontes: B3, MAPA, Cepea, Scot Consultoria, Safras & Mercado, Farmnews