Levantamento técnico da Embrapa divulgado revela um cenário preocupante no Sul do Brasil: a presença crescente de azevém (Lolium multiflorum) e caruru (Amaranthus spp.) resistentes aos principais herbicidas comerciais. A pesquisa, que envolveu análises laboratoriais e mapeamentos de campo nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mostra que 38% dos municípios gaúchos já apresentam resistência confirmada do azevém.
Prejuízo de R$ 1,2 Bilhão em uma Safra
De acordo com a Embrapa, os prejuízos causados por essas plantas daninhas resistentes ultrapassaram R$ 1,2 bilhão na safra anual de grãos apenas no Rio Grande do Sul. A perda é atribuída à redução de produtividade, aumento nos custos com controle químico e necessidade de manejo mecânico adicional.
Resistência Cruzada e Múltipla Complicam Manejo
Os estudos identificaram dois tipos de resistência: a cruzada — que ocorre quando a planta desenvolve resistência a herbicidas de diferentes grupos químicos com o mesmo mecanismo de ação — e a múltipla — em que há resistência a herbicidas com mecanismos de ação distintos. Essa diversidade amplia os desafios de manejo, tornando obsoletos os programas tradicionais de controle químico.
Além das perdas diretas na produtividade, a resistência das plantas daninhas dificulta o uso rotineiro de herbicidas, encarece os custos de produção e reduz a competitividade da lavoura. Em muitos casos, o agricultor é forçado a adotar sistemas integrados de manejo, incluindo rotação de culturas, cobertura do solo e adoção de herbicidas alternativos mais caros ou de menor eficiência.
Necessidade de Monitoramento e Integração Regional
A Embrapa defende a criação de políticas públicas estaduais e federais para fomentar programas regionais de monitoramento e combate à resistência. O uso responsável de herbicidas, treinamento técnico de produtores e assistência agronômica qualificada são pilares para conter o avanço desse problema que já afeta toda a cadeia de produção.
Fontes: Embrapa Trigo, Embrapa Soja, MAPA.
