Cenario Rural

Produtor de laranja sente impacto: preços recuam com força em abril

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Oferta elevada e postura conservadora da indústria derrubam valores pagos no campo

O mês de abril foi marcado por uma forte retração nos preços pagos ao produtor de laranja nas principais regiões citrícolas do país. Segundo dados atualizados do Cepea até o dia 05 de maio de 2025, a caixa de 40,8 kg da laranja pera foi negociada a uma média de R$ 39,66 na árvore, queda de 8,5% frente aos R$ 43,34 registrados em março. O cenário reflete um alinhamento negativo entre excesso de oferta, ritmo lento de compras da indústria e consumo enfraquecido no mercado de mesa.

Indústria trava negociações e amplia pressão sobre o campo

O comportamento das indústrias de suco foi decisivo para o recuo. Com estoques elevados do ciclo anterior e demanda externa ainda morna, os processadores reduziram drasticamente o volume de aquisições no spot. Muitos contratos firmados anteriormente já cobriam boa parte da necessidade industrial para o início da safra 2024/25, o que limitou espaço para novas negociações — principalmente com pequenos e médios produtores.

Consumo in natura estagnado não oferece alívio

Do lado do varejo, a situação também não ajudou. A laranja de mesa perdeu espaço para outras frutas mais baratas e versáteis, como banana e maçã, em um momento de retração do poder de compra do consumidor. Além disso, o clima mais ameno nas últimas semanas de abril reduziu o apelo por sucos e frutas cítricas, o que resultou em um ritmo de escoamento lento e menor disposição do mercado em pagar prêmios pela fruta.

Rentabilidade comprometida e horizonte incerto

A nova rodada de baixas acendeu um alerta entre os produtores, que já enfrentavam margens pressionadas pela alta dos insumos e mão de obra. Muitos relataram dificuldade em honrar compromissos financeiros e apontaram risco de abandono de tratos culturais caso os preços não se recuperem nos próximos meses. A expectativa de aumento de custos com defensivos e diesel para a colheita pode agravar a situação.

Prognóstico climático divide opiniões

Para o mês de maio, o fator climático pode assumir protagonismo. Chuvas isoladas em algumas áreas podem dificultar a colheita e comprometer a qualidade da fruta, reduzindo a pressão de oferta. No entanto, analistas apontam que isso só trará fôlego aos preços se houver, simultaneamente, aumento na demanda — o que, até agora, não é observado.

Cenário de pressão e necessidade de suporte ao produtor

Abril terminou com a confirmação de um cenário desfavorável para os citricultores brasileiros. A combinação de safra cheia, demanda retraída e postura defensiva da indústria criou um ambiente de forte desvalorização. O setor pede medidas de curto prazo, como linhas emergenciais de crédito e renegociação de dívidas, além de estratégias estruturais para ampliar o consumo e melhorar o escoamento da fruta.

Fontes: Cepea, CitrusBR, Fundecitrus, IBGE

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