O agronegócio brasileiro, motor da economia nacional, enfrenta riscos cada vez mais complexos e interconectados. De eventos climáticos extremos a variações bruscas nos preços de commodities e oscilações cambiais, os produtores estão expostos a fatores que podem comprometer safras inteiras e a sustentabilidade financeira de seus empreendimentos. Neste cenário, a gestão de riscos deixa de ser uma opção e passa a ser um pilar estratégico da produção rural moderna.
Clima imprevisível: principal ameaça à lavoura
A frequência e a intensidade de fenômenos como secas, geadas, granizos, chuvas torrenciais e ondas de calor têm aumentado. O padrão irregular de chuvas impacta o calendário agrícola, o rendimento das lavouras e a qualidade dos produtos. Estados como Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Bahia registraram perdas significativas nos últimos anos devido a extremos climáticos.
Modelos de previsão climática, sensores meteorológicos em tempo real e softwares de monitoramento geoespacial vêm sendo adotados por produtores para antecipar riscos e ajustar o manejo em tempo hábil.
Oscilações de mercado: proteger a renda contra a volatilidade
A cotação de produtos como soja, milho, café e boi gordo varia diariamente nos mercados futuros internacionais. Fatores como guerra, geopolítica, política monetária e acordos comerciais podem provocar oscilações bruscas, afetando a receita do produtor.
Ferramentas como contratos a termo, hedge com derivativos (na B3 ou CME), barter (troca de insumos por grãos) e seguro de preços mínimos permitem maior previsibilidade da receita e proteção contra quedas abruptas.
Seguros rurais e políticas públicas: escudos financeiros para o campo
O seguro rural tem se consolidado como um dos principais instrumentos de gestão de risco no campo. Em 2023, mais de 230 mil apólices foram contratadas no Brasil. O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), do governo federal, subsidia parte do custo do seguro para facilitar o acesso por pequenos e médios produtores.
Existem coberturas para perdas por intempéries, produtividade, renda, rebanhos e até para hortifrúti e florestas. O desafio ainda é ampliar a penetração do seguro, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a cultura de proteção ainda é incipiente.
Tecnologia e gestão: a dupla que reduz incertezas
Aliar gestão profissional com tecnologia é chave para a resiliência. Ferramentas como o ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático), aplicativos de planejamento financeiro, análise de margem e integração com plataformas de crédito (como AgroTools e Sicredi) ajudam na tomada de decisão com base em dados.
Cursos de capacitação em gestão de riscos, promovidos por entidades como Senar, Embrapa, Sebrae e cooperativas, têm ganhado espaço, preparando produtores para tomar decisões mais assertivas e conscientes.
Produzir com segurança é produzir com inteligência
A gestão de riscos no agronegócio não elimina os imprevistos, mas reduz os impactos e melhora a capacidade de resposta do produtor. Em tempos de incerteza climática e econômica, quem se antecipa aos riscos protege sua renda, preserva seus recursos e garante longevidade ao seu negócio. O futuro do agro passa por planejamento, tecnologia e, acima de tudo, por gestão.
Fontes: MAPA, Embrapa, CNA, Senar, B3, PSR, ZARC, AgroTools