Carrapato-do-boi, mosca-do-chifre e berne desafiam sanidade e produtividade da pecuária. Falta de controle estratégico e resistência a produtos acentuam perdas.
Sanidade em Xeque: Parasitas Permanecem Como Gargalos Econômicos
Apesar dos avanços tecnológicos da pecuária brasileira, três parasitas ainda impõem perdas significativas e recorrentes ao setor: o carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus), a mosca-do-chifre (Haematobia irritans) e o berne (Dermatobia hominis). Esses ectoparasitas afetam diretamente a saúde, o bem-estar, a produtividade e o rendimento comercial dos animais.
Estudos da Embrapa e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) indicam que o impacto combinado pode ultrapassar R$ 15 bilhões por ano no Brasil, considerando perdas em ganho de peso, fertilidade, qualidade de couro e gastos com tratamentos.
Carrapato-do-Boi: Resistência e Reinfestação Aceleram Custos
O carrapato é responsável por perdas diretas e indiretas, como transmissão de doenças como tristeza parasitária bovina e anaplasmose. Seu controle exige manejo estratégico, que muitas vezes é negligenciado ou feito com produtos inadequados, resultando em resistência crescente aos acaricidas.
Além disso, a infestação é cíclica e favorecida por manejos extensivos, onde a cobertura vegetal e o clima contribuem para a manutenção do ciclo do parasita.
Mosca-do-Chifre: Pequeno Inseto, Grande Prejuízo
A mosca-do-chifre causa irritação constante aos bovinos, reduzindo o tempo de pastejo e levando à perda de até 0,5 kg de peso vivo por animal/dia em casos graves. Sua disseminação rápida e a resistência a inseticidas tradicionais fazem dela um desafio crescente em propriedades leiteiras e de corte.
Portanto, o controle precisa combinar métodos químicos, biológicos e o uso de ferramentas como brincos impregnados com inseticidas e armadilhas atrativas.
Berne: Lesões, Rejeição de Carcaças e Rejeição de Couro
O berne, por sua vez, além de causar lesões dolorosas e inflamações nos bovinos, afeta a valorização comercial do couro brasileiro no mercado externo. Frigoríficos chegam a rejeitar peles com elevada incidência, comprometendo receitas e a imagem do produto nacional.
Parasitas são Riscos Estratégicos e Exigem Gestão Integrada
O enfrentamento eficaz desses parasitas passa por uma visão sistêmica de manejo sanitário. A adoção de programas integrados de controle, com educação técnica, alternância de princípios ativos e uso racional de produtos, é essencial para reverter esse quadro.
A pecuária brasileira precisa tratar a sanidade com o mesmo grau de prioridade dado à genética, à nutrição e à comercialização. Sem isso, continuará perdendo bilhões silenciosamente.
Fontes: Embrapa Gado de Corte, FAO, Ministério da Agricultura, DBO, Scot Consultoria